Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
– Dá tua mão
– Olha pra mim
– Não faz assim
– Não vai lá não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão
Letra Composta por: Chico Buarque
Melodia Composta por:
Álbum: Almanaque
Ano: 1981
Estilo Musical:
Ele é um observador… (teu vigia) Ela é amada sem saber que o é… Ela é simples e autêntica (frouxa de rir) E ele é encantado…
O eu lírico é o admirador da moça que não o conhece, caso conheça, não sabe que é amada. Chico utiliza sua abilidade inigulável com as palavras para caracterizar os espaços e as acções da moça. Como o eu-lírico diz nos últimos 3 versos, o vigia é apenas o poeta, quem o insipira é sua amada.
Concordo com os amigos que mostraram a sua interpretação.
o diálogo em que o protagonista da historia não é respondido, é como se estivesse falando sozinho, suspirando por ela, sem que ela imagine!
– Dá tua mão…
– Olha pra mim…
– Não faz assim…
– Não vai lá não…
Ela é uma prostituta.
Prezados, Fiz uma análise dessa música em meu blog.
Abaixo o link:
http://decifrandoamusica.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html
Puro Ghost
O que faz da música uma obra-prima é a sensibilidade com a qual Chico Buarque
conseguiu captar a imagem e pensamento
do eu lírico. Trata-se do cego pela paixão e a ‘exposição’ de sua musa, mas é a visita ao seu ponto de vista que impressiona
quem interpreta a canção. Que ao ouvir, eu acompanho a passagem dela, e os olhos dele que não piscam e seguem seus passos. Que para ele o
mundo a colore e também a vê andar. Incita-me a vontade de sentar a seu lado e
também observar a aflição do vigia que poetiza o trocar de pernas da mulher.
A impressão que tenho é que o protagonista ama a moça, a tem, mas não tem controle sobre ela. É um caso. Ela é deusa para ele. A imaginação do que sofre por amor atua fortemente, e supõe um brilho da moça que lhe causa perigo e aflição.
A canção é belíssima. Não seu como Chico consegue fazer isto. Suas músicas tem tanto talento quanto seu mau gosto político. Impressionante!
A IMPRESSÃO QUE DÁ É QUE O PROTAGONISTA AMA (DIFÍCIL NOTAR QUE TIPO DE AMOR: DE PAI OU ADMIRADOR) DESESPERADAMENTE UMA PESSOA QUE ENVEREDOU PELA BUSCA DE “VIDA FÁCIL”, (“…Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha prá mim
Não faz assim, não vá lá, não…”) E QUE APESAR DA AFLIÇÃO COM AS INCERTEZAS DE PRINCIPIANTE NO RAMO, A MESMA, AO SE DEPARAR COM O SUCESSO DOS “PASSEIOS”, LIBERTA ALÍVIO NO SEMBLANTE COM O FINAL FELIZ DOS PROGRAMAS. “…Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir
Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar…”
Parece que ele se apaixonou por uma prostituta em Amsterdã ele fala sobre vitrine, galeria, sessão…
O protagonista está com a filha pequena em um shopping, perde ela de vista e segue procurando.
Asdrubal está correto. As vitrines do shopping, a sessão de cinema, a primeira vez que a filha saiu com um namoradinho. A música é a tradução do ciúme de um pai.
Pra mim a melhor análise da música. Mas não uma filha pequena, mas sim uma filha adolescente ou recém entrada na vida adulta que sai do interior e vai se deslumbrar em uma cidade grande
Perfeito.
Encontrei semelhança com a música “O mundo é um moinho”-Cartola.
Excelente música!
Essa Música é do LP “Almanaque” de 1981 em plena Ditadura Militar, onde na parte interna está escrito “MAGAZINE ANNUAL ILUSTRADO. Anecdotas, Caricaturas, Informações, Charadas, etc.” Na Época Adelaide, a mãe do Julinho, pseudônimo criado pelo autor para driblar a censura, já criava palavras cruzadas para o Jornal do Brasil.
Chico faz uma brincadeira com espelhamento e rebatimento da letra. Por Exemplo:
“Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir”
Viram:
“Ler os letreiros aí troco
Embaçam a visão marinha
Vi tuas fúrias e predileção
Errar sisuda, sã fora de eixos”
Uma clara e divertida manifestação contra a Ditadura Militar.
Lindamente Melódica.
soh quem viveu a época mencionada (1981) poderia dar essa interpretação…. eu imaginava que a letra seria a descrição romântica-subversiva da vida de uma prostituta que vaga pelas madrugadas boêmias do rio de janeiro (os letreiros a te colorir) e a quem chico amava, querendo arrancá-la dessa vida através de súplicas (dá tua mão, olha pra mim, não faz assim, não vai lah não); uma mulher muito bonita que acabou se acostumando à vida mundana, saindo “da sessão, frouxa de rir” e que acaba por viver a vida “um dia, depois de outro dia”
Essa música retrata uma pessoa narcisista em fuga se perdendo a cada momento de si mesma. Algúem tenta chamá-la, trazer de volta a si mesma, à razão, mas o seu narcisismo não permite que isso aconteça. Assim, ela prefere sumir de si própria e da racionalidade e escapa de tudo.
E você tem bom gosto político?
Essa é uma das letras mais misteriosas do Chico, e sei lá.., qualquer opinião, pra mim pode se equivocar. Dizem que fala sobre ele admirando as vitrines das Galeries Lafayette em Paris. Não sei.. Mas é uma combinação letra/música (não consigo dissociar na análise) que transmite profunda espiritualidade e força poética arrebatadora.Acho que é a grande força dela.Coisa de gênio.Mas o Chico também sempre teve o melhor em termos de arranjadores e músicos.
Vi este comentário anonimo em um outro blog e concordo com ele:
“Ela é, na verdade, uma prostituta, trabalha na noite letreiros coloridos que embaraçam a visão.
Sessão é um programa, aflita nos primeiros programas frouxa de rir depois.”
Imagino nessa belissima letra talvez um.pouco emblemática uma fantasia, algo imaginário e ao mesmo tempo um.amor que precisa de proteção.