Sou Ana do dique e das docas
Da compra, da venda, das trocas de pernas
Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana
Sou Ana de Amsterdam
Eu cruzei um oceano
Na esperança de casar
Fiz mil bocas pra Solano
Fui beijada por Gaspar
Sou Ana de cabo a tenente
Sou Ana de toda patente, das Índias
Sou Ana do oriente, ocidente, acidente, gelada
Sou Ana, obrigada
Até amanhã, sou Ana
Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos
Sou Ana de Amsterdam
Arrisquei muita braçada
Na esperança de outro mar
Hoje sou carta marcada
Hoje sou jogo de azar
Sou Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, da vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam
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Não possuo muito conhecimento sobre a história da Ana, mas sei que é sobre o período da invasão holandesa no Brasil. E a tal Ana, veio da holanda pra cá, e ela era prostituta. E nas partes ”Da cama, da cana, fulana, sacana” pode se perceber que o Chico Buarque usa o método da assonância, repetindo os fonemas vocálicos, representando um gemido.
Espero ter ajudado, um abraço
Seria essa Ana de Amsterdã, uma recifense? Ana Arraes?
Essa música faz parte da peça de teatro “Calabar: o Elogio da Traição” do Chico Buarque e Ruy Guerra. Peça teatral sobre a traição de Calabar, personagem da história brasileira que foi considerado traidor por ficar ao lado dos holandeses na guerra contra Portugal.
Abraços!
Mais informações sobre a peça tem nesse site:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/c/calabar
Também, na minha interpretação, Ana era prostituta, e hoje em dia é falada, como diz no trecho “Hoje sou carta marcada, hoje sou jogo de azar”
E Ana era seu nome fictício que ela usava na ‘profissão’, quando diz ” até amanhã sou Ana ” eu percebo isso. Onde diz “eu cruzei um oceano na esperança de casar, fiz mil bocas pra Solano, fui beijada por Gaspar.” ela tentou ser certinha, amou, mas como nada valeu, ela se tornou oque é.
Analise formalista russo
Eu sei q o Calabar era marido da Bárbara. Aí ela conhece a Ana, q era uma prostituta. E aí as duas tem um caso. Não é isso?
” fiz mil bocas prá Solano, fui beijada por Gaspar.” Será Solano Trindade, o poeta recifense? E Gaspar seria o presidente Eurico Gaspar Dutra? O gracejo levou a platéia ao riso no Show de Chico e Caetano juntos, após o retorno do exílio. A mesma boca da felação poeta beijou o ditador.