Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses
Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer
Acorda amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção
Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)
Comentários
Júlio
22/04/2011
Eu entendo "o chame o ladrão", no caso para substítuí-lo. Ora, polícia é para ladrão, em não tendo ladrão serei eu preso, chame o ladrão!
Antonio Carlos Riceti
10/06/2010
Os comentários são suficientes Mas é importante destacar a figura do Julinho da Adelaide e "seu irmão" Leonel Paiva., ambos personagens "ficticios" brilhantemente criado pelo Chico Buarque para driblar a censura. Pra quem não leu ainda ; Vale a pena acessar o site :ChicoBuarque/julinhoda adelaide.com.br Tem uma entrevista histórica que o Mario Prata com muita coragem publicou no jornal Ultima HOra. Imperdivel
Mateus
27/03/2010
Completando o que já disseram... "Dia desses chega a sua hora" Durante a ditadura, muitas pessoas iam presas por ter qualquer relação com quem fosse contra o regime.
Livia
10/12/2009
Fala sobre o terror da ditadura mas, em alguns pontos pode-se aplicar aos dias atuais, quando a policia não passa de bandidos legalizados.
Livia
10/12/2009
Quando a policia, que deveria assegurar o direito de integridade fisica e moral do cidadão e defender os principios de familia e lar, se comporta com violência, intolerancia, preconceito e desrespeito, a quem recorrer? Ao ladrão?
Angelo
30/08/2009
Inclusive, devido a repressão, nesta época ele assinava Julinho de Adelaide, já que suas músicas eram quase sempre vetadas pela censura, por puro preconceito ao nome Chico Buarque
Menino
20/08/2009
TChau pra você, Pauline... não adianta só falar.... tem que explicar, como fez a Emylly... "Se eu demorar uns meses Convém, às vezes, você sofrer Mas depois de um ano eu não vindo Ponha a roupa de domingo E pode me esquecer" Isso fala dos 'desaparecimentos' que ocorriam na ditadura... faltou só isso.
Emylly Mikaely Mendes Mota
29/07/2009
Essa música é um retrato de como agia a ditadura militar,em que os policiais sequestravam,torturavam,matavam,etc.Mostra também a ironia de Chico que chama os ladrões para o socorrer,ja que o ivasor é a propria policia.
Giovanna
08/05/2009
... que no caso, estava alertando a sua esposa, amante ou o que for que estavam invadindo sua casa
Pauline
13/04/2009
Bom, com ceteza é uma crítica ao regime militar doa anos 60. A qual ele é bem claro na música.