Estava a toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Estava a toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...
Comentários
gisella
01/02/2013
Gente é simplesmente a antiga política do "Pão e Circo", ou seja, distrair a população para que essa não veja os problemas sociais
Denner
04/12/2012
A primeira estrofe se refere a abordagem europeia sobre o índio em busca de nossas riquezas..ja a segunda se refere ao escambo a troca de objetos entre índios e europeus(portugueses ou espanhóis)ja que não só os portugueses colonizaram as terras americanas. Terceira estrofe se refere a nossa história. Desde a chegada dos europeus e o reflexo disto em nossos dias de hoje. A quarta estrofe se refere a comparação entre sociedade do trabalho (europeu)x sociedade livre(índio)onde o índio não armazenava alimentos e só buscava o que podia utilizar...enquanto o europeu sempre buscava mais e mais sendo obcecado pelo trabalho. Na quinta estrofe que ele se refere ao espelho e vimos um mundo doente nada mais é do que a transformação do índio em cristão. O conhecimento do pecado. Da opressão por parte da igreja. A sexta estrofe se refere a imposição do cristianismo ao índio já que o mesmo era politeísta. E Renato russo faz a critica em cima de que os europeus fizeram o índio assimilar que seus deuses não existiam e o único Deus que existia era o que os europeus cultuavam ,mesmo o filho deste deus sendo morto por os mesmo que hoje o veneram...a próxima estrofe se refere a luta do índio por sua liberdade em seguida..a referencia ao mundo perfeito criado pela igreja..(ilusório)e qnd ele se refere q seu nome está em tudo esta se referindo a cultura indígena. Roupas, comidas entre outras coisas que temos da cultura indígena no nosso dia a dia e mesmo assim não damos devida importância ao índio..e por fim ele fala ou melhor imagina como seria se os índios continuassem virgens, puros sem contato com o europeu!!!
Leonardo
13/04/2012
O pessoal tem que desencanar de interpretar as músicas de Chico sempre como de protesto. Ele próprio foge desse rótulo, que termina por diminuir seu talento e criatividade.
Rubens
29/09/2011
Que falta de imaginação! Que chave cômoda essa de reduzir toda arte produzida entre 64 e 85 a uma mera expressão do contexto da ditatura militar. É inegável que esse contexto está presente na letra , mas A Banda transcende a ele e é universal. E é essa transcendência que Drummond soube bem captar numa crônica de 1966: http://migre.me/5O5Wh
Mariana Cantarim
15/07/2011
Na verdade não, os comentários anteriores, não estão de acordo com a época em que a música foi escrita! Tudo bem ela se refere sim a ditadura militar... mas o erro está em classificar a banda como sendo algo bom em meio a ditadura, não se deixem enganar, na abordagem de Chico, a banda é a própria ditadura... Essa letra é da década de 1960, inícia da ditadura... A banda na verdade representa toda a propaganda nacionalista que veio com a ditadura, as falsas promessas, enfim... "E cada qual no seu canto Em cada canto uma dor Depois da banda passar Cantando coisas de amor Depois da banda passar Cantando coisas de amor…" Existe, indícios de que na verdade essa música faça parte de uma trilogia.... 1)A banda - 1960, representa o início da ditadura militar! 2)Apesar de vaçê - 1970, representa o período mais obscuro da ditadura militar, quem não lembra do governo médice, do AI5, o que aconteceu de pior durante a ditadura, aconteceu em 1970. 3)Vai passar - 1980, fim da ditadura militar, triunfo de uma geração, triunfo dos estudantes e intelectuais de participaram ativamente do mov. das diretas já, a letra data justamente 1984, data das diretas já e fim da ditadura!
Ricardo Vale da Costa Fernandes
16/10/2010
Estava à toa na vida, mostra a total ociosidade daquela sociedade que apenas podia se divertir com pão e o circo fornecido pela Ditadura. Então a banda faz referência ao militarismo vivido pela época, fazendo menção ao desfile do dia 7 de setembro, em que a banda marcial do exército marchava. Nesse aspecto, todas as mazelas vividas pelas pessoas era esquecida por um único momento de alívio ao ver a banda passar, momento este deveras efêmero, voltando à mesma situação de antes.
antrocenos
30/10/2008
"A Banda" é uma metáfora de alegria na época da repressão. Imagine-se em um tempo que tuda era proibido e a diversão estava nas mãos do governo. Vc "só" se divertia como o governo queria. Perceba que a banda quando entra na cidade é motivo de euforia, de imensa alegria, extase total, onde toda cidade pára para ver a banda passar. "Mas para meu desencanto O que era doce acabou Tudo tomou seu lugar Depois que a banda passou" E assim termina os raros momentos de felicidade de um povo calado e sofrido: "E cada qual no seu canto/ Em cada canto uma dor". "A Banda" é um grito de apelo, dizendo: "A felicidade pode continuar, basta me seguir, seguir a banda ou vc pode fazer sua banda e sair tocando estrada a fora feito um mambembe cigano tocando o amor e a esperança! Onde lê-se Banda, leia-se Felicidade Onde lê-se amor, leia-se esperança.
Chico Buarque e as referências de Picasso | Blog do Analise de Letras
24/10/2008
[...] letra “A Banda”, Chico Buarque narra a entrada na cidade do conjunto de circo que se apresenta nos próximos dias. [...]