Gerson

Seis meses que você foi,
continuo deitando do meu lado da cama.
Abraço o seu travesseiro, contra o peito.
Bem forte. Só por causa da dor.
O nosso filho, Gerson – Lindo! –
o mais bonito da escola,
tinha que ver eles falando.
Ele já cresceu seis meses desde então.

Olho pro céu, e vejo você.
Olho pro céu, e penso em ti.

Mas continuamos,
mesmo com todo esse barulho.
Os caras do bar me disseram pra eu achar alguém,
eu acho que não.
A tia Ana, a professora de artes,
disse: “O Gerson leva jeito pra arquiteto.”
“Vamos tomar um chopp?” – É claro que não!
A senhora é professora do meu filho!

Olho pro Gerson, e vejo você.
Olho pro Gerson, e penso em ti.


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1 comentário em “Gerson”

  1. As músicas do Bidê ou Balde costumam ter uma linguagem simples mas com abordagens muito boas, e essa não me parece diferente. O que me chama atenção é que essa letra parece mais profunda que a maioria das outras, apesar de não perder o senso de humor típico da banda. Minha interpretação acho que é a mais simples possível: um cara cuja mulher faleceu, deixando ainda o filho do casal. Seis meses depois do incidente, o personagem ainda recorda a imagem de sua mulher ao ver seu filho, sendo sua devoção à sua ex-mulher tão grande que ele se recusa a procurar alguém para substituí-la, recusando, por exemplo, o convite da professora de seu filho para sair.

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