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Já te digo

Um sou eu, e o outro não sei quem é
Um sou eu, e o outro não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
file sofreu pra usar colarinho em pé

Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo

Um sou eu, e o outro não sei quem é
Um sou eu, e o outro não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
Ele sofreu pra usar colarinho em pé

Ele é alto, magro e feio
É desdentado
Ele é alto, magro e feio
É desdentado
Ele fala do mundo inteiro
E já está avacalhado no Rio de Janeiro 
Ele fala do mundo inteiro
E já está avacalhado no Rio de Janeiro
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Vocês não sabem quem é ele, pois eu vos digo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo
Ele é um cabra muito feio, que fala sem receio
Não tem medo de perigo

Ai, seu Mé!

Zé-povo quer a goiabada campista
Rolinha, desista, abaixe essa crista
Embora se faça uma bernarda a cacete
Não vais ao Catete!
Não vais ao Catete!

Ai, seu Mé!
Ai Mé Mé!
Lá no Palácio das Águias, olé
Não hás de pôr o pé

O queijo de Minas está bichado, seu Zé
Não sei porque é, não sei porque é
Prefira bastante apimentado, Iaiá
O bom vatapá, o bom vatapá

Palma de martírio

Quando um deus cruento
Vem sangrar meu sentimento
E do meu tormento
Põe as cordas a vibrar
Solto o pensamento
Que se perde no infinito
Desse azul bendito
Que te luz no olhar

Se teu nome pulcro
Em devoção desfio em prece
Frio em seu sepulcro
Me estremece o coração
Pedras de cristal sentimental
Correm fugazes
Pelas minhas faces
A brilhar, rolar

Brilhas entre as gemas
Dos poemas dos meus prantos
Choras nos quebrantos
Destas lágrimas supremas
Tu sorris das rosas
Policromas nos aromas
Fulges no cismar
Da minha dor, do meu penar

Cantas nos enleios
Dos gorjeios mais insones
Corres pelos veios
Da campina esmeraldina
Gemes pelos seios
Esteríssimos das fontes
Pelos horizontes
No arrebol ao pôr-do-sol

Em vestes celestes
Nos ciprestes de minh’alma
Ergues uma palma
De martírio a meu penar
Brilhas como um círio
Iluminando sobre flores
Minhas agras dores
Cor do azul do mar

Macaco olha teu rabo

Eu sou filho de baiana

Fui criado no samba

Meu pai é o candomblé

Minha tia é a muamba

(bis)

Fala meu louro

Emissário do diabo

Deixa a vida alheia

Macaco, olha teu rabo

(bis)

Conheça, cabra, conheça

Quer encher primeiro o taco

Ando muito no samba

Olha teu rabo, macaco

(bis)

Fala meu louro…

Quem tem telhado de vidro

Anda muito direitinho

__ muito no samba

Olha o teu rabo, macaco

Quem tem telhado de vidro

Anda muito direitinho

No samba o macaco

Deixa o rabo do vizinho

Fala meu louro…

O sol nasce pra todos

A sombra pra quem merece

Olha o teu rabo, macaco

Dia a dia ele cresce

Fala meu louro…

O casaco da mulata

Ó mulata feiticeira

Seu perfume de alecrim

Que perfuma a terra inteira

Eu te quero só pra mim

Tu tens graça, tu encantas

A dor mal de um coração

Tu pareces quando canta

A juriti lá do sertão

Coro

Vem cá mulata

Ela

Não vou lá não

Vou já vestir

O meu casaco à prestação

(bis)

A toada que inebria

Tuas formas nos faz mal

Tu és a nossa alegria

Ó mulata divinal

Ó mulata tem xodó

Tens um porte majestoso

Quero ser o teu coió

Toda vida e bem ditoso

Vem cá mulata…

Vem ouvir o meu cantar

Vem saber o meu amor

Ouve agora o verbo amar

Dos lábios do seu cantor

Nunca deixe de me ver

Nunca queira ser ingrata

No mundo não pode haver

Outra como tu, mulata

Vem cá mulata…

Borboleta não é ave

Borboleta não é ave,
Borboleta ave é,
Borboleta só é ave
Na cabeça de muié…

Borboleta quando é preta
Tem parência de urubu
Borboleta quando é roxa
Torna a gente jururu (bis)

Borboleta não é ave,
Borboleta ave é,
Borboleta só é ave
Na cabeça de muié…

Borboleta, borboleta
De voar nunca se cansa,
Menina de perna fina
De socó tem semelhança… (bis)

Borboleta não é ave,
Borboleta ave é,
Borboleta só é ave
Na cabeça de muié… (bis)

Borboleta quando fores
Lá para as bandas do Norte
Da coruja minha sogra
Leva o gênio de má sorte…

Borboleta não é ave,
Borboleta ave é,
Borboleta só é ave
Na cabeça de muié…

Borboleta não tem sina
Borboleta tem cabelos
Toda velha solteirona
Tem na vida um pesadelo

Borboleta não é ave,
Borboleta ave é,
Borboleta só é ave
Na cabeça de muié…

Luar de Paquetá

Nestas noites olorosas
Quando o mar, desfeito em rosas,
Se desfolha à lua cheia
Lembra a ilha um ninho oculto
Onde o amor celebra em culto
Todo encanto que o rodeia
Nos canteiros ondulantes
As nereidas incessantes
Abrem lírios ao luar
A água em prece borborinha
E em redor da capelinha
vai rezando o verbo amar.

II

Jardim de afetos
Pombal de amores
Humildes tetos
De pescadores
Se a lua brilha
Que bem nos dá
Amar na ilha
de Paquetá

III

Pensamento de quem ama,
Hóstia azul, fervendo em chama,
Entre lábios separados…
Pensamento de quem ama
Leva o meu radiograma
Ao jardim dos namorados
Onde é esse paraíso
O caminho que idealizo
Na ascensão para esse altar
Paquetá é um céu profundo
Que começa neste mundo
Mas não sabe onde acabar…

IV

Sobre o mar de azul rendado,
Que é toalha de um noivado
Surge a ilha – taça erguida.
E o luar – vinho dourado
Enche a taça do passado
Que embriaga a nossa vida!
Ai, que filtro milagroso,
Para a mágoa e para o gozo
Para a eterna inspiração!
O luar, na mocidade,
Abre as rosas da saudade
Dentro em nosso coração”.

Isto é bom

A renda de tua saia
Vale bem cinco mil reis
Arrasta mulata a saia
Que eu te dou cinco e não dez

Isso é bom isso é bom isso é bom que dói
Isso é bom isso é bom isso é bom que dói

Ô Sal Bento, buraco véio tem cobra dentro

Levanta a saia mulata
Não deixe a renda rastar
Que a renda custa dinheiro
Dinheiro tens pra ganhar

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Vá saindo seu conhó sem sorte

Iaiá você quer morrer
Se morrer morramos juntos
Eu quero ver como cabes
Numa cova do defunto

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Comigo é nozes do baralho velho

O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha vó
Quem dorme junto tem frio
Que fará quem dorme só

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Os padres gostam de moças
E os doutores também
Eu como rapaz solteiro
Gosto mais do que ninguém

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Aguenta firme na Comuta seu juca

Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabado os arrufos
Ou eu vou, ou ela vem

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Me prendam a sete chaves
E assim mesmo ei de sair
Não posso ficar em casa
Não posso em casa dormir

Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói
Isso é bom, isso é bom, isso é bom que dói

Isso é melhor do que arroz com casca
Diz Calheiros seu Araras