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Vaso quebado

Só percebi quando era tarde
Tudo entre nós foi falsidade
Com esse ar de inocência
Me deixou enfeitiçado
Mas em tuas veias
Ao invés de sangue
Corre o pecado

Me decidi não fiz alarde
Nenhum de nós
Vai ter saudade
Se vou lembrar da experiência
Estou pouco preocupado
Mas de tuas teias
De hoje em diante
Estou afastado

Tentei mudar as leis
Desprezei o velho ditado
Pensei ser ventania
Logo veio tempestade
E não sem razão
A nossa paixão
É um vaso quebrado
Restou só um beijo
Um certo desejo
Nos olhos molhados
Apenas lamento
Que meu juramento
Seja desprezado
E o seu tormento
Hoje sai de dentro
De um rádio ligado

Já te esqueci
Fiz minha parte
Só quis pra nós felicidade
Pra que usar de violência
E um dia ser castigado
Se o pior tormento
É a dor constante
De ser o culpado

Tentei mudar as leis…

Chalana

Lá vai uma chalana
Bem longe se vai
Navegando no remanso
Do rio Paraguai

Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor

Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor

E assim ela se foi
Nem de mim se despediu
A chalana vai sumindo
Na curva lá do rio

E se ela vai magoada
Eu bem sei que tem razão
Fui ingrato, eu feri
O seu pobre coração

Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor

Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor

Trem do Pantanal

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
O povo lá em casa espera que eu mande um postal
Dizendo que eu estou muito bem vivo
Rumo a Santa Cruz de La Sierra

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
Só meu coração está batendo desigual
Ele agora sabe que o medo viaja também
Sobre todos os trilhos da terra

Cabelo loiro (Tião Carreiro e Zé Bonito)

Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai vai cabelo loiro
Vai “cabá” de me matar
[2x refrão]

Quem diz que bala mata, bala não mata ninguém
A bala que mais me mata é o desprezo do meu bem

(Refrão)

Casa de pobre é ranchinho, casa de rico é de telha
Se ter amor fosse crime, minha casa era cadeia

(Refrão)

Passarinho perde as pena, o peixe perde as escama
Eu já “tô” perdendo tempo, de amar quem não me ama

(Refrão)

Vai “cabá” de me matar, vai “cabá” de me matar

Hora do clarão

Ana Raio e Zé Trovão diz a sabedoria
Tudo o que acontece hoje aconteceu um dia
Se esse mundo é o nosso pai o tempo é a magia
Que constrói a direção sem medo nem poesia
Viver é a nossa alegria, seguir é a nossa missão
E tudo se resume estar aqui um dia
E no outro dia não
Ana Raio e Zé Trovão

Ana Raio e Zé Trovão mulher e valentia
Um conhece a direção a outra a estrela guia
Um caminha pela luz e a outra se alumia
São as cores do destino que os diferencia
Um dia, é um dia, é um dia
Que nasce do seu coração
E tudo se resolve na hora da aurora
Hora do clarão
Ana Raio e Zé Trovão

Ana Raio e Zé Trovão quem disse que sabia
Onde andará o vento quando é calmaria
Quem decide esta questão quem é que avalia
A nascente da canção, a mágica do dia
Pensar só nos traz alegria
Saber já é outra questão
Somente quando sonha o homem vai ao céu
E o resto é pelo chão
Ana Raio e Zé Trovão

Hora do clarão (co-autor Renato Teixeira)

Ana Raio e Zé Trovão diz a sabedoria
Tudo o que acontece hoje aconteceu um dia
Se esse mundo é o nosso pai o tempo é a magia
Que constrói a direção sem medo nem poesia
Viver é a nossa alegria, seguir é a nossa missão
E tudo se resume estar aqui um dia
E no outro dia não
Ana Raio e Zé Trovão

Ana Raio e Zé Trovão mulher e valentia
Um conhece a direção a outra a estrela guia
Um caminha pela luz e a outra se alumia
São as cores do destino que os diferencia
Um dia, é um dia, é um dia
Que nasce do seu coração
E tudo se resolve na hora da aurora
Hora do clarão
Ana Raio e Zé Trovão

Ana Raio e Zé Trovão quem disse que sabia
Onde andará o vento quando é calmaria
Quem decide esta questão quem é que avalia
A nascente da canção, a mágica do dia
Pensar só nos traz alegria
Saber já é outra questão
Somente quando sonha o homem vai ao céu
E o resto é pelo chão
Ana Raio e Zé Trovão

Tennessee Waltz (R. Stewart e P.W. King)

I was waltzing with my darling to the Tennessee Waltz
When an old friend I happened to see
Introduced him to my loved one and while they were waltzing
My friend stole my sweetheart from me
I remember the night and the Tennessee Waltz now I know just how much I have lost
Yes I lost my little darling the night they were playing the beautiful Tennessee Waltz

I remember the night…

Homeless souls (co-autor Joe Loech)

Here lies a man who reaches for a hand
with a little hope he could learn to cope in the world
Homeless souls everywhere look to those who really care
Don’t turn your back on him lend a hand and be a friend

Homeless souls

He doesn’t know how he ever got this low
he looks for the heart that will help him to start once again
Homeless souls everywhere look to those who really care
Don’t turn your back on him lend a hand and be a friend

Homeless souls

Rasta bonito (co-autor Renato Teixeira)

Se proteja moço
Que essa noite o frio
Vem cortando a alma
Vem que vem no cio
Vão se ouvir ao longe
Um mundo de gritos
Da dança dos lobos
O rasta bonito

Se você conhece
Você é um lobo
Que saiu das matas
Pra jogar o jogo
Mas na lua cheia
Você fica aflito
Sai na janela
E uiva bonito
Iêiêêêêêêêê….

Ao bater a noite
Seu olhar em brasa
Olha para a lua
No teto da casa
Um neon na mesa
O som nas alturas
Você vira um bicho
E o rasta te cura
Iêiêêêêêêêê….

O temor amigo
É um mito antigo
Tanto tempo faz
Que a gente se arrepia
Alma do outro mundo
Gosta é de poesia
Dos bares da moda
E de muita folia

Pode ser agora
Pode ser um dia
Pode ser jamais
E você não sabia
Que nas sextas-feiras
Das noites aflitas
As bruxas possuem
As moças bonitas
Iêiêêêêêêêê….

Aqui, agora crianças (co-autor Paulo Simões e Geraldo Rocca)

Já vai e vem o verão
E eu como se fosse de praxe
Faço logo uma canção
Pra que a gente relaxe

Toda estação é boa
Desde que a gente assim ache
Eu fiz uma canção que voa
É quase uma pintura à guache

Não tenham medo de dizer
que voces também ouvem os sinos
Sinos esses que são aqueles
Que dizem assim
Aqui agora meninos
Aqui agora meninos

Enquanto os Barões vão à França
Mercadores enchem a pança
E o velho sol se esparrama nos campos
E nunca pensa em vingança
Que a geração dos filhos da guerra dancem
Pois então sua dança

Dancem, pois então
Suas danças
Aqui agora meninos
Aqui agora meninos

Bicho preguiça (co-autor Paulo Klein)

Seu bicho preguiça
Descansa no galho
Se agarra no pau
Barriga pra cima
Cabeça pra baixo
É fera no topo
É um animal
Deixa lá,
Deixa lá,
Deixa lá

Tatu bicho doido
Pensa que é xarango
E começa a cantar
Cavuca um buraco
No pé da figueira
Tatu, bem ou mal
é um underground
é um underground

E a loira mariposa
Esvoaça elegante
Na noite é esposa do amante
Amante do orgasmo
E é livre para amar

Luz da fé (co-autor Paulo Klein)

Queimo nesta chama
Nesse imenso fogaréu!
Pesa em minhas costas
Tanto medo e aflição

Não, não me queima!

Olha as velas
Olha o fogo
Ói o lobisomem!
Entre a luz, a cruz e a lua cheia
Ah, vem a procissão

Ladainhas, hóstias, véus e vinhos
Nesse grande porre
Cresce a reza pra salvação

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé!

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareou a fé!

Olha as velas
Olha o fogo
Ói o lobisomem!
Entre a luz, a cruz e a lua cheia
Ah, vem a procissão

Ladainhas, hóstias, véus e vinhos
Nesse grande porre
Cresce a reza pra salvação

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé!

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé!

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareando a fé

E chegou a manhã
Com a luz do sol
Clareou a fé!

Rio de lágrimas (Piracy, Lourival dos Santos e Tião Carreiro)

O rio de Piracicaba
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Mas quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora

Lá no bairro onde eu moro
Só existe uma nascente
A nascente é dos meus olhos
Já formou água corrente
Pertinho da minha casa
Já virou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa

O rio de Piracicaba
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Mas quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora

Eu quero apanhar uma rosa
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho uma criança
Duvido alguém quem não chore
Pela dor de uma saudade
Quero ver quem não chora
Quando ama de verdade

O rio de Piracicaba
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Mas quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora

Peão (co-autor Renato Teixeira)

Diga você me conhece
Eu já fui boiadeiro
Conheço essas trilhas
Quilômetro, milhas
Que vem e que vão
Pelo alto sertão
Que agora se chama
Não mais de sertão
Mas de terra vendida
Civilização

Ventos que arrombam janelas
E arrancam porteiras
Espora de prata riscando as fronteiras
Selei meu cavalo
Matula no fardo
Andando ligeiro
Um abraço apertado
E um suspiro dobrado
Não tem mais sertão

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue seu destino boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira, a noite
Redes no galpão
O paiero, a moda,
O mate, a prosa
A saga, a sina
O “causo” e onça
Tem mais não

Ô peão….

Tempos e vidas cumpridas
Pó, poeira, estrada
Estórias contidas
Nas encruzilhadas
Em noites perdidas
No meio do mundo
Mundão cabeludo
Onde tudo é floresta
E campina silvestre
Mundão “caba” não

Sabe, “prum” bom viajante
Nada é distante
“Prum” bom companheiro
Não conto dinheiro
Existe uma vida
Uma vida vivida
Sentida e sofrida
De vez por inteiro
E esse é o preço “preu” ser brasileiro

Missões naturais (co-autor Renato Teixeira)

Vou nas asas dessa manhã
E bons tempos me levarão
Para Goiás, Minas Gerais e Maranhão
Vai, como quem pra guerra vai
Que depois eu vou com você
Vai, pra além daqui, além dali, além de nós

Êta destino mais atrevido
Seguir em seguir, seguindo
Por aí feito um cigano
Eu aprendi a ver esse mundo
Com meu olhar mais profundo
Que é o olhar mais vagabundo

Eu ando pelas estradas
Quem sabe a gente já se viu
Por aí, um dia, quem sabe

Nessa vida tudo se faz sob três missões naturais
Primeiro nascer, depois viver e aprender
Só o aventureiro é capaz de partir e não voltar mais
Se realizar, depois sonhar, então morrer

Disse meu pai: não lhe digo menino
Você há de aprender com o sino
Qual o rumo, qual a direção
E disse o sino: alegria garoto
Esse pai será sempre o seu porto
Não se acanhe se houver solidão

Eu ando pelas estradas
Quem sabe a gente já se viu
Por aí, um dia, quem sabe

Boiada (co-autor Renato Teixeira)

Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada

A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada

Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada

E sumiram lá na curva, na curva da vida, na curva da estrada

E depois dali pra frete, não se tem notícias, não se sabe nada

Nada que dissesse algo

De boi, de boiada, de peão de estrada

Disse um viajante, história mal contada

Ninguém viu, nem rastro, nem homem, nem nada

Isso foi há muito tempo, tempo em que a tropa ainda viajava

Com seus fados e pelegos no rangeu do arreio ao romper daaurora

Tempos de estrelas cadentes, fogueiras ardentes, ao som daviola

Dias e meses fluindo, destino seguindo, e a gente indo embora

Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história

E até hoje em dia quando junta a peãozada

Coisas assombradas, verdades juradas

Dizem que sumiram, que não existiram

Ninguém sabe nada

Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada

A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada

Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada

Dias e meses seguindo, destino fluindo, e a gente indo embora

Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história

E até hoje em dia quando junta a peãozada

Coisas assombradas, verdades juradas

Dizem que sumiram, que não existiram

Capim de ribanceira (co-autor Paulo Simões)

É madrugada e eu na beira da estrada
A lua cheia minguada e de repente apareceu
Um cavaleiro de bota e chapéu de couro
Me lembrando um velho mouro
Lá fiquemo ele mais eu
Cruzou os pés, apiou do seu cavalo
Dexou a rédea no talo de uma roseira sem flor
Diz que seguia pelo mundo solitário
E quebrava todo galho
Apartando toda dor

Quem não ouviu falar
Quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

Enquanto o bule de café bulia a brasa da fogueira
Refletia o seu olhar, eu pude ver
Que ele sabia coisa até do outro mundo
E essa noite eu fui aluno do seu estranho poder
Com sete ponta duma rama trepadera
E um ramo de avitera
O meu corpo ele tocô
Naquele instante me bateu uma zonzera
E duma tosse cuspidera o velhinho me livrô

E quem não ouviu falar
Quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

Amanheceu, peguei a viola (Renato Teixeira)

Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui viajar

Sou cantador e tudo nesse mundo, vale pra que eu cante
e possa praticar.
A minha arte sapateia as cordas
E esse povo gosta de me ouvir cantar.
Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui
viajar

Ao meio-dia eu tava em Mato Grosso, do sul ou do
norte, não sei explicar.
Só sei dizer que foi de tardezinha,
Eu já tava cantando em Belém do Pará.
Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui
viajar
Em Porto Alegre um tal de coronel, pediu que eu
musicasse um verso que ele fez.
Para uma china, que pela poesia,
Nem lá em Pequim se vê tanta altivez.

Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui
viajar
Parei em minas pra trocar as cordas, e segui direto
para o Ceará.
E no caminho fui pensando, é lindo,
Essa grande aventura de poder cantar.

Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui
viajar
Chegou a noite e me pegou cantando, num bailão, no
norte lá do Paraná.
Daí pra frente ninguém mais se espanta,
E o resto da noitada eu não posso contar.

Anoiteceu, e eu voltei pra casa,
Que o dia foi longo e o sol quer descansar.

D de destino (co-autor Renato Teixeira)

A cigana sorriu
Com seus dentes de ouro
Ao ler minha sorte

Linhas na palma da mão
Para sempre serão
Meu passaporte

Minha mãe me falou
Sobre a cruz de Jesus
Das chagas, dos cortes

E meu pai me entregou
Seu facão guarani
E apontou para o norte
E eu segui

Quero viver
Muito além das fronteiras
Dos que só sabem ser
Pedras de atiradeira

Eu devia saber
Que de certa maneira
Não seremos jamais
Mais que grãos de poeira
No céu

Era um D de destino
Era um E de esperança
Ou de encruzilhada

Era um N de nunca
Ou quem sabe de nuvens
E um dia ela passa

Tantas vezes me vi
Tendo que decidir
Entre o nada e o nada

Mas quem leva a certeza
No meio do peito
Não teme a empreitada
Que virá, a seguir

Quero viver
Muito além das fronteiras
Dos que só sabem ser
Pedras de atiradeira

Eu devia saber
Que de certa maneira
Não seremos jamais
Mais que grãos de poeira
No céu

Era um rei e uma dama
Um valete de ouro
Carta marcada

Era só nosso amor
Era tudo de bom
Era um abracadabra

Vem um raio de sol
Pela telha quebrada
Lá na calha d’água

E um cheiro de mato
E de terra molhada
Na beira da estrada

Vem, longe vem
Vem, longe vem

Era um D de destino
Era um E de esperança
Ou de encruzilhada
Era um N de nunca
Ou quem sabe de nuvens
E um dia ela passa

Era um D de destino
Era um E de esperança
Ou de encruzilhada

Era um D de destino
Era um E de esperança
Ou de encruzilhada

Vem, longe vem
Vem, longe vem
Vem, longe vem

Cavaleiro da lua

Vem o vento e vai
Passando pelas folhas
Varre o céu e vê o cavaleiro do luar
Eu criança
No batente da porteira
Debruçado na janela das estrelas
Também sonho ser o cavaleiro do luar
Galopar
Pela poeira do caminho
Querendo os homens, meninos

Caminhos me levem (co-autor Paulo Simões)

Amanhã bem de manhã
Vou sair caminhando ao léu
Só vou seguir na direção
De uma estrela que eu vi no céu
Pra que fingir que não devo ir
Caminhos me levem
Aonde quiserem
Se meus pés disserem que sim

Vejo alguém seguindo além
Eu aceno com meu chapéu
Pois tanto faz de onde ele vem
Pode ser algum menestrel
Que vai e vem, sempre
Sem ninguém
Caminhos te levem, aonde puderem
Se teus pés quizerem assim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas tente compreender minhas razões

Já faz um tempo
Em que eu vivi
Feito linha de um carretel
Olhei em volta então me vi
Prisioneiro de um anel
Não resisti
Foi bem melhor partir
Perigos me esperam
Abrigos não quero
Que meus pés decidam
Por mim

Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas é nosso dever fazer canções

Boiadeiro do Nabileque (co-autor João Bá)

Vai boieiro
Rio abaixo
Vai levando gado e gente
O sal grosso e a semente
Eh! Porto de Corumbá!

Um amor, toda beleza
Como um canto de nobreza
Desliza na veia d’água
Eh! Rio Paraguai

Rio acima, peixe bom
Passarada, matagal
Velho bugre entoando
Seu antigo ritual
Pantaneiro

Mes de maio (co-autor Paulo Simões)

Azul do céu brilhou
E o mês de maio, enfim chegou
Olhos vão se abrir, pra tanta cor
É mês de maio, a vida tem seu esplendor
A luz do sol entrou
Pela janela e convidou
Pra tarde tão bela, e sem calor
É mês de maio, saio e vou ver o sol se pôr
Horizonte, de aquarela, que ninguém jamais pintou
E um enxame, de estrelas, diz que o dia terminou

Noite nem se firmou
E a lua cheia, já clareou
Sombras podem ir, façam favor
É mês de maio, é tempo de ser sonhador

Quem não se enamorou
No mês de maio, bem que tentou
E quem não tiver, ainda amor
Dos solitários, o mês de maio é o protetor

Boa terra, velha esfera, que nos leva aonde for
Pro futuro, quem nos dera, que te dessem mais valor

Meiga senhorita

Minha meiga senhorita, eu nunca pude lhe dizer
Você jamais me perguntou de onde venho e pra onde vou
De onde eu venho não importa pois já passou
O que importa é saber pra onde vou
Minha meiga senhorita o que eu tenho é quase nada
Mas tenho o sol como amigo
Traz o que é seu e vem morar comigo
Uma palhoça num canto da serra será nosso abrigo
Traz o que é seu e vem correndo vem morar comigo

Aqui é pequeno mas dá pra nós dois
E ser for preciso a gente aumenta depois
Tenho um violão que é pras noites de lua
Tem uma varanda que é minha e que é sua
Vem morar comigo meiga senhorita
Vem morar comigo meiga senhorita, vem morar comigo

Aqui é pequeno mas dá pra nós dois
E ser for preciso a gente aumenta depois
Tenho um violão que é pras noites de lua
Tem uma varanda que é minha e que é sua
Vem morar comigo meiga senhorita
Vem morar comigo meiga senhorita, vem morar comigo

Peixe frito (co-autor Renato Teixeira)

Fui morar lá no fim do mundo
Num vale fecundo onde é bom pa criar
Umas vaquinhas, uns cavalo e uns cachorro
E no pé do morro eu plantei meu pomar
E quando chega bem de tardezinha
Que o sereno começa a pingar
Vou recolher as minhas galinhas
Pros bicho de pelo não se aproveitar
Recolher as minhas galinhas
Pros bicho de pelo não se aproveitar

Já faz tempo que eu vivo aqui
Sou muito feliz, nunca quero sair
Eu, a muié e toda gurizada
Fazendo festa, dando risada
E quando chega o dia de domingo
E a gente resolve pescar
É só peixe frito, farinha e banana
Que o fim de semana é pra gente sonhar
Peixe frito, farinha e banana
Que o fim de semana é pra gente sonhar

Fui morar lá no fim do mundo
Num vale fecundo onde é bom pa criar
Umas vaquinha, uns cavalo e uns cachorros
E no pé do morro plantei meu pomar
E quando chega bem de manhãzinha
Que o sereno já faz derramar
Vou recolher as minhas vaquinhas
E tirar o leite pra gente tomar
Recolher as minhas vaquinhas
E tirar o leite pra gente tomar

Já faz tempo que eu vivo aqui
Sou muito feliz, nunca quero sair
Eu, a muié e toda gurizada
Fazendo festa, dando risada
E quando chega o dia de domingo
E a gente resolve pescar
É só peixe frito, farinha e banana
Que o fim de semana é pra gente sonhar
Peixe frito, farinha e banana
Que o fim de semana é pra gente sonhar
Peixe frito, farinha e banana
Que o fim de semana é pra gente sonhar

Tocando em frente

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Flor do amor

Lua cheia e viola pontiada
Eu comparo a rosa sem espinho
Trago o vinho e vai
Começar a ceia
Suas teias da baba da aranha
E assanha essa tal moça bonita
Ai! No meu peito brota aflita
A flor do amor
Ai! A flor do amor

Madrugada o orvalho vai caindo
Rega o rego que forma minha bica
Pico a ponta do seio da menina
Me alucina o prazer
De ver crescer a flor do amor
Ai! A flor do amor
Ai! Ai! A flor do amor

Pro encanto ou magia
Me esvazia o coração
Meio dia o sol a pino
Quando chego na estação
Tava todinha arrumadinha
Tinha sacola na mão
Na mesma hora fui embora
Pra não ter que ver morrer
A flor do amor
Ai! A flor do amor
Ai! Ai! A flor do amor

Bicho feio (co-autor Renato Teixeira)

Com certeza
Quando a noite vem
Tem saci, caipora e curupira também
Bicho feio, sempre tem
Ontem e hoje no além

Meia-noite
Olha o capa preta
Galopando a mula sem cabeça
Bicho feio, sempre tem
Ontem e hoje no além

Com certeza
Todo mundo tem
Uma história estranha pra contar também
Sempre alguém
Assustando alguém
Ontem e hoje no além

As fogueiras
E os porões escuros
Eu quero ver arder
Quero ver queimar
E o navio-fantasma
Vai te levar

Com certeza
Quando a noite vem
Tem saci, caipora e curupira também
Bicho feio, sempre tem
Ontem e hoje no além

Bicho feio, sempre tem
Ontem e hoje no além
Quem não tem medo de assombração

Semente

Atirei minha semente
Na terra onde tudo dá
Chuva veio de repente
Carregou, levou pro mar
Quando as águas foram embora
Plantei sonhos no chão
Mais demora minha gente
Ter na hora um verde puro
Ou dar fruto bem maduro num pomar

Meu adubo foi amor
Esperança, o regador
Bem na hora da colheita
Lá se vai a ilusão

Foi geada e a seca
Me queimando a floração
Foi geada e a seca
Me queimando a floração

Me doeu a impotência
Diante da sorte má
Então eu fiz paciência
Bem maior do que o azar
Convoquei os meus duendes
Pra fazer mutirão
Logo um toque de magia
Passou de mão em mão

Esse ano com certeza
Desengano vai ter fim
Natureza tem seus planos
Mas não sabe ser ruim
Tão seguro quanto o ar
Ser mais quente no verão

Da semente sai futuro
Nem que seja temporão
Da semente sai futuro
Nem que seja temporão

No rastro da lua cheia

No quintal lá de casa
Passava um pequeno rio
Que descia lá da serra
Ligeiro escorregadio
A agua era cristalina
Que dava pra ver o chão
Ia cortando a floresta
Na direção do sertão
Lembrança ainda me resta
Guardada no coração…

E tudo era azul celeste
Brasileiro cor de anil
Nem bem começava o ano
Já era final de Abril
O vento pastoreando
Aquelas nuvens no céu…
Fazia o mundo girar
Veloz como um carrossel
E levantava a poeira
E me arrancava o chapéu

Ah o tempo faz, tempo desfaz
E vai além sempre…

A vida vem lá de longe
É como se fosse um rio
Pra rio pequeno canoa
Pros grandes rios navios
E bem lá no fim de tudo
Começo de outro lugar
Será como Deus quiser
Como o destino mandar
No rastro da lua cheia
Se chega em qualquer lugar!

Estradeiro (co-autor Paulo Klein)

Bota de couro surrada
Cheiro de boi ou viola
Sonhos guardados na mente
Com lábios de doce melaço
Pra todo canto que fosse
Vivendo da cantoria
Muito mais que dinheiro
Buscava farra e folia
Não quis ser o melhor
Sossego trago de longe
Não sou louco, poeta
Nem sou profeta ou monge
Mas viajar, viajei
Viajar, viajei…

Carro de boi, litorina
Lombo de burro baguá
Apeava em porto Esperança
E pegava uma barca de tranças
Remando pro Pantanal
Cantava em festa de Reis
Puxando a romaria
Cantei ao velho peão
Fiz versos pra burguesia
E de quando em quando
A dona das terras falava
Fique, violeiro
Pois tem dinheiro e pousada
Eu viajar, viajei …