Aguenta a mão, João

Não reclama
Contra o temporal
Que derrubou teu barracão
Não reclama
Guenta a mão joão
Com o cibide
Aconteceu coisa pior
Não reclama
Pois a chuva
Só levou a tua cama
Não reclama
Guenta a mão joão
Que amanhã tu levanta
Um barracão muito melhor

C’o cibide coitado
Não te contei?
Tinha muita coisa
A mais no barracão
A enchurrada levou seus
Tamanco e o lampião
E um par de meia que era
De muita estimação
O cibide tá que tá dando
Dó na gente
Anda por aí
Com uma mão atrás
E outra na frente


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2 comentários em “Aguenta a mão, João”

  1. letra maravilhosa

    C’o cibide coitado
    Não te contei?
    Tinha muita coisa
    A mais no barracão
    A enchurrada levou seus
    Tamanco e o lampião
    E um par de meia que era
    De muita estimação
    O cibide tá que tá dando
    Dó na gente
    Anda por aí
    Com uma mão atrás
    E outra na frente

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  2. Cara..ouvi essa música do Adoniran com o Djavan e fiquei intrigado com a letra,então resolvi pesquisar seu real significado que nada mais é que uma crítica social a realidade do governo paulistano da época de Adoniran. Aguenta a mão, João

    Uma das letras mais críticas da safra do sambista paulista. Nela, são relatadas as implicâncias de um problema que até hoje afeta São Paulo e muitas outras cidades brasileiras: as enchentes. De maneira muito particular, Adoniran narra os problemas enfrentados por moradores duma favela após um forte temporal. Assim, tenta consolar João, que perdeu o barraco e sua cama. Esse maravilhoso samba de Adoniran Barbosa – verdadeira crônica paulista – precisa ser ouvido à luz de um tempo em que a influência paternalista do Estado não era tão carregada como tem sido nas últimas décadas.

    A letra revela essa solidariedade do povo brasileiro que toma nas suas próprias mãos a resolução dos seus problemas e não se deixa enganar e nem se esconder atrás do discurso de auto-vitimização. O brasileiro da música de Adoniram consegue ver benção em meio à adversidade, porque sempre haverá alguém mais sofrido do que ele, que precisa da ajuda dele também.

    O brasileiro de Adoniram tem esperança e acredita que amanhã ele será capaz de construir até mesmo um barracão ainda muito melhor – deliciosa expressão da perseverança da alma do brasileiro (daquele tempo?).

    Mas não é só isso: crê em Deus, no futuro, na amizade, ainda que saiba que a chuva, o toró está vindo com vontade (tudo narrado pelo humor quase amargo desse cronista de origem italiana).

    Não apenas a São Paulo é um outro mundo hoje – embora os problemas da cidade ainda continuem os mesmos narrados na música de Adoniran – como as gerações que se seguiram de lá para cá viram mudanças até mesmo na maneira de enfrentar e suportar as mazelas da vida.

    Grande Adoniran Barbosa!

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