Sérgio Ricardo

Estórias de João-joana 1a parteE

Meu irmão o sucedidoEm Lages do CaldeirãoÉ caso de muito ensinoMerecedor de atençãoPor isso é que me apresentoFazendo esta relação Vivia em dito arraialNo país das AlagoasUm rapaz chamado JoãoCuja força era das boasPra sujigar burro bravoTigres onças e leoas João, lhe deram este nomeNão foi de letra em cartórioPois sua mãe e seu paiViviam […]

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Ponto de partida

Não tenho para a cabeçaSomente o verso brejeiroRimo no chão da senzalaQuilombo com cativeiro, olerêNão tenho para o coraçãoSomente o ar da montanhaTenho a planície espinheiraCom mão de sangue, façanha, olerê, olaráNão tenho para o ouvidoSomente o rumor do ventoTenho gemidos e precesRompantes e contratempo, olerê, olará, olerê, lará Tenho pra minha vidaA busca como

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Aleluia

Che Guevara não morreuNão, não morreu, AleluiaChe, eu creio no teu cantoComo um manto em minha dorE que todo desencantoseja ressuscitadorVejo o mundo divididoContenplando o reviverDa esperança que morriaNo silêncio do teu serChe Guevara não morreuNão, não morreu, AleluiaChe, eu creio seja eternaEsta rosa agreste e brancaBrotada no teu sorrisoQue nem mesmo a morte arrancaE

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Canção do amor armado

EiaAteia esta candeiaJoga a saia é branca a areiaSob o céu que se incendeiaNa vermelha onda do mar Se eu fosse algum pescadorTe enredeava de amorContando lendas encantosFeitiços, quebrantosDo marmarejar Se eu fosse algum plantadorTe acalantava com a florColhida nos pés dos versosDos cantos dispersosDo sertanejar Mas só trago o amargo rumorQue o asfalto rumorejouSó

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Bichos da noite

São muitas horas da noiteSão horas do bacurauJaguar avança dançandoDançam caipora e babau Festa do medo e do espantoDe assombrações num sarauFurando o tronco da noiteUm bico de pica-pau Andam feitiços no arDe um feiticeiro marauMandingas e coisas feitasNo xangô de Nicolau Medo da noite escondidoNos galhos de um pé de pauA toda dança acompanhaTocando

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Deus e o diabo na terra do sol

Romance do Deus Diabo IAnunciando ao público, marcante e lento: Vou contar uma históriaNa verdade e imaginaçãoAbra bem os seus olhosPra enxergar com atençãoÉ coisa de Deus e DiaboLá nos confins do sertão Narrativo, lento: Manuel e rosaVivia no sertãoTrabalhando a terraCom as própria mãoAté que um dia -pelo sim pelo não-Entrou na vida delesO

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A fábrica

A fábrica faz assimTic tic plimTic tic plim plom Pra se viverÉ preciso da mulherMas como é que uma mulher vai viverCom um homem sem vintém Pois muito bemÉ preciso trabalharEu trabalhoDou um duro danadoApertando parafusoPra lá e pra cá Morena você bem mereceTodo o mundo que eu não douCarinho é tudo que eu tenho

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Barravento

Noite de breu sem luarLá vai saveiro pelo marLevando Bento e Chicão,Lá vai o pranto uma oraçãoSe barravento chegar,Não vai ter peixe pra venderFilho sem pai pra criar,Mulher viúva pra sofrer barraventoSalve mãe Iemanjá, barraventoNão deixe ele chegáNão leve o bom Chicão, barraventoSalve mãe IemanjáNão quero mais viver, JanaínaSe Bento não voltarMeu coração vai ser

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Enquanto a tristeza não vem

Tristeza mora na favelaÀs vezes ela sai por aíFelicidade entãoQue era saudade sorriBrinca um pouquinhoEnquanto a tristeza não vem CantaCantaNasceu uma rosaNa favela CantaCantaNasceu uma rosaNa favela Tristeza mora na favelaÀs vezes ela sai por aíFelicidade entãoQue era saudade sorriBrinca um pouquinhoEnquanto a tristeza não vem CantaCantaNasceu uma rosaNa favela Felicidade entãoQue era saudade sorriBrinca

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Cafezinho

Minha vida foiCafezinhoFeito na horaQuentinhoDe incomparável saborUm café bem temperadoE recendendo a pecadoQuando achei meu amor Tinha doçura no olharNão se deixava tomarSem ser aos olhos de dorTinha no sangue a fervuraQue temperava em ternuraO cafezinho do amor Mas o que era póVoltou a póPelo o ventoLevou o seu devidoLugarDes de então minha vidaNão é

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Vou renovar

Vou renovarSou um cantador da classe médiaE trago por satisfaçãoCantar para o ser humanoQue me ouve com atençãoDo que eu vejo todo diaFaço verso e melodiaPra poder ganhar meu pão Vou renovar, vou renovarCanto para a classe ACanto para a classe BCantoria popularQue não é nem A nem BCuja fonte está no povoOnde eu vou

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Zelão

Todo morro entendeu quando o Zelão chorouNinguém riu, ninguém brincou, e era Carnaval No fogo de um barracãoSó se cozinha ilusãoRestos que a feira deixouE ainda é pouco sóMas assim mesmo o ZelãoDizia sempre a sorrirQue um pobre ajuda outro pobre até melhorar Choveu, choveuA chuva jogou seu barraco no chãoNem foi possível salvar violãoQue

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Canto americano

Mi canto es americanoEs un grito, un vuelo de pajaroEs vuelo blanco bajo el cielo Mi cielo es americanoPor donde vuela blanca esperanzaEsperanza blanca de todo el pueblo Mi pueblo es americanoBlancas manos blancas sonrisasMientras el negro por los cabelos Mis negros americanosColor de hermanos de negro dolor Besame rosa de sangreRojo es el color

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Semente

Cada verso é um sementeNo deserto do meu peitoE onde rompe a grama verdeVou deitando o desalento No largo de alguma bocaNo rasgo de algum sorrisoNo gesto de algum lampejoNa rima de um improvisoNas curvas de uma morenaNa reta do meu desejoNa relação entre corposNa paz do último beijo Cada verso é uma sementeNo deserto

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Corisco

Te entrega CoriscoTe entrega Corisco Eu não me entrego nãoEu não sou passarinho pra viver lá na prisãoNão me entrego a tenenteNem a capitãoSó me entrego na morteDe parabelo na mão Te entrega CoriscoTe entrega Corisco Na conta da minha históriaVerdade e imaginaçãoEspero que o senhor tenha tirado uma liçãoQue assim mal dividido esse mundo

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