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Samba de um breque

Música pra mim
É feito o ar que eu sorvo
A mão que eu movo e o coração
Na sístole diástole
É a prima e o bordão
O traço de união que há
Entre blues, Kalu, a Índia e Caramuru

O meu breque-blue
É assim uma startrek
No infinito de Bangu
Um beque de subúrbio que surfasse em Honolulu
Em jegue que no Jockey Club
Com freio nos dentes derrotasse alazões

Chuva nas manhãs
E a música soa
No orfeão de rãs
Solfeja a lagoa
Sola um sabiá
Modula a garoa
Lírios pedem bis
E, quem tem o dom, pega no ar
Quem sai do tom, deixa pra lá

Música pra mim
É um grito de socorro
Se termina eu também morro
Ela é my body and soul
Ou vem o corvo do Allan Poe
E prega um never more geral –
Cinzas, Fênix reciclando o meu carnaval

Música pra mim não é um mega evento
É um pega-pra-capar
Questão de sentimento
O afogado em pleno mar
Que agarra a mão do vento e ri
Usa o sofrimento pra poder flutuar

Chuva nas manhãs
E a música soa
No orfeão de rãs
Solfeja a lagoa
Sola um sabiá
Modula a garoa
Lírios pedem bis
E, quem tem o dom, pega no ar
Quem sai do tom, deixa pra lá

Música pra mim não é um mega evento
É um pega-pra-capar
Questão de sentimento
O afogado em pleno mar
Que agarra a mão do vento e ri
Usa o sofrimento pra poder flutuar

O côco do côco

Moça, donzela não renega um bom coco
Nem a mãe dela, nem as tia, nem a madrinha
Num coco toco quem faz muito e acha pouco
Em rala-rala que se educa a molhadinha

Se tu não peca meu bem
Cai a peteca neném
Vira polícia da xereca da vizinha

Se tu se guarda e não tem
Tá encruada que nem
Ovo no cu da galinha

Não tem cinismo que diz
Entre a santa e a meretriz
Só muda a forma com que as duas se arreganha

Eu só me queixo se criar teia de aranha
Quem nega tá de manha ou faz pouco que gozou
No tempo em que casei de véu com meu marido
Era virgem no ouvido e ele nunca reclamou
Pra ser sincero eu acho que isso inté facilitou

Moça…

Maçã tatuada

Numa esquina de Copa ficava parada
alvejada pelas setas do vício
e o início tinha sido divino:
um amante latino…
Sua boca vermelha, a maçã tatuada
sobre o ombro (a sombra de veludo)
a pele onde um homem que é nada
pensa que é capaz de tudo

Entre o ouro e a miçanga ofegava a audácia
entre a joalheria e a farmácia
entre ser a nova estrela da Banda
e uma filha de Umbanda…
Toda vez que as pestanas castanhas batiam
o olhar trocava mil slides
Na praia, na lambada,
com a amiga que já faleceu de Aids…

E na bolsa quando ia ao toalete
a gilete, o sempre-livre
e o chiclete importado
o velho exemplar do despertar de algum mago…
O apelido que não posso esquecer:
a Jezebel da Duvivier
Saiu assassinada na manchete
entre a greve e os motins urbanos…
Chamava-se Moema, era morena,
e tinha apenas treze anos

Até.