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Minha esquina

Já peguei meu violão
Pra falar do nosso amor
Mas se Deus concede o dom
A mulher concede a dor

Assim voltei pra minha esquina
Mas sem querer voltar
Canto até seis da matina
Para não ter que chorar

Mas não tem nada eu vou ficando com a rapaziada
Cantando um samba e outro no meu violão
Poeta que é poeta mora na jogada
Um amor que vai é mais uma canção

Mas quem tira ainda vai pôr
Pela lei da proporção
Quando Deus pede o penhor
A mulher pede o perdão

E assim deixei a minha esquina
Mas sem querer deixar
Mas rotina por rotina
Eu vou levando por levar

Mas o meu nome vai ficando pela madrugada
Que eu tenho um samba e outro pra cada emoção
Poeta que é poeta não perde a parada
O que vem é festa pro meu coração

Estão voltando as flores

Vê, estão voltando as flores
Vê, nessa manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda
Vê, as nuvens vão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo
Por onde nós vamos indo

Cochichando (Cochicho)

Murmurando 
Cochichando 
Vive sempre 
A falar mal 
De mim

Sem querer 
Perceber 
Que afinal 
Eu não 
Eu não sou 
Mal assim

Murmurando 
Cochichando 
Quem te ouvir
De pensar é capaz 
Que o nosso amor 
Já não tem calor 
E que não somos 
Felizes demais

Eu sou teu 
E tu eis só minha
Quem nos conhecer 
Inveja sentirá 
De nosso amor

Porém 
Sempre a brigar 
E a duvidar 
De um bem querer 
Transformar 
Sempre em aflição 
O que só deve 
Ser prazer

Por que será 
Que eis 
Tão má assim
Se o nosso amor 
Não pode ter fim

Eu acho bom deixar 
Este cochicho 
Pois sei 
Que é capricho 
E que gosta 
Só de mim

Tropeços naturais

Você teima, em me fazer provocações
Desafios
Em tocar, mexer com as minhas emoções
Com meus brios
Que bobagem, isso não tem nada a ver
Eu lhe peço
Não precisa torturar meu coração
Eu confesso

Te amo tanto, que talvez
Faltem palavras pra dizer
Me causa espanto saber que você não vê
Se você tem alguma coisa contra mim
Por que não diz?
Eu sou capaz de tudo pra te ver feliz
Portanto, pare de me provocar ciúmes
Por favor
Pra não apagar as chamas do meu grande amor
Ou você quer me conquistar
Ou então me mata de paixão
Pra quê? Se eu já te dei por bem
Meu coração

Se te magoei
Se eu falei demais
Me desculpe
Mas não chore, deixe tudo isso para trás
Não se culpe
Essas coisas são tropeços naturais
Do caminho
Só está livre desse mal quem vive sozinho

Tudo que se quer (All I Ask Of You)

[Emilio Santiago]
Olha nos meus olhos, esquece o que passou
Aqui nesse momento, silencio e sentimento
Sou o teu poeta, eu sou o teu cantor
Teu rei e teu escravo
Teu rio e tua estrada

[Verônica Sabino]
Vem comigo meu amado amigo
Nessa noite clara de verão
Seja sempre meu melhor presente
Seja tudo sempre como é
É tudo que se quer

[Emilio Santiago]
Leve como o vento, quente como o sol
Em paz na claridade, sem medo e sem saudade

[Verônica Sabino]
Livre como o sonho, alegre como a luz
Desejo e fantasia, em plena harmonia

[Emilio Santiago]
Eu sou teu homem, sou teu pai, teu filho
Sou aquele que te tem amor
Sou teu par, o teu melhor amigo
Vou contigo seja aonde for e onde estiver estou

[Verônica Sabino e Emilio Santiago]
Vem comigo meu amado amigo
Sou teu barco neste mar de amor
Sou a vela que te leva longe, da tristeza eu sei, eu vou
E onde estiver estou

E onde estiver estou

40 anos

São 40 anos de aventura
Desde que mãe teve a doçura
De dar a luz pra esse seu nego
E a vida cheia de candura
Botou canção nesses meus dedos
E me entregou uma partitura
Pra eu tocar o meu enredo
Sei que às vezes quase desatino
Mas esse é o meu jeito latino
Meio Zumbi, Peri, D. Pedro
Me emociona um violino
Mas também já chorei de medo
Como chorei ouvindo o Hino
Quando morreu Tancredo

Dos 40 anos de aventuras
Só 20 são de ditadura
E eu dormi, peguei no sono,
E acordei no abandono
E o país tava sem dono
E nós fora da lei

Quem se apaixonou por Che Guevara
Até levou tapa na cara,
Melhor é mudar de assunto
Vamos enterrar esse defunto
Melhor lembrar de Madalena
De Glauber Rocha no cinema
Das cores desse mundo
Jimmy, Janis, Joplin e John Lennon
Meu Deus, o mundo era pequeno
E eu curtia no sereno
Gonzaguinha e Nascimento
O novo renascimento
Que o galo cantava

“Ava Canoeiro”, “Travessia”
Zumbi no “Opinião” sorria,
De Elis surgia uma estrela
Comprei ingressos só pra vê-la
Levei a minha namorada
Com quem casei na “Disparada”
Só para não perdê-la

Lavei com meus prantos os desatinos
Pra conversar com meus meninos
Sobre heróis da liberdade
De Agostinho de Luanda
A Buarque de Holanda
Foram sóis na tempestade
Mesmo escondendo tristes fatos
Curti o tricampeonato
Meu Deus, também sou batuqueiro
Pois eu nasci em fevereiro
E o carnaval tá no meu sangue
Sou dos palácios, sou do mangue,
Enfim sou brasileiro

Sou Ayrton Senna, eu sou Hortência
Dou de lambuja a minha vidência
Não conheço maior fé
Que a de Chico Xavier
Que para Deus já é Pelé
Que é o nosso rei da bola

Quem tem Raoni, tem Amazônia
Se está sofrendo de insônia
É por que tem cabeça fraca
Ou está deitado eternamente
Em berço esplêndido, ou é babaca
Ou está mamando nessa vaca
O leite dos inocentes
Vamos ensaiar, oh… minha gente,
Botar nosso Brasil pra frente
laia, laia, laia, laia…

Saigon

Tantas palavras
Meias palavras
Nosso apartamento
Um pedaço de Saigon
Me disse adeus
No espelho com batom

Vai minha estrela
Iluminando
Toda esta cidade
Como um céu
De luz neon

Seu brilho silencia
Todo som
Às vezes
Você anda por aí
Brinca de se entregar
Sonha pra não dormir

E quase sempre
Eu penso em te deixar
E é só você chegar
Pra eu esquecer de mim

Anoiteceu!
Olho pro céu
E vejo como é bom
Ver as estrelas
Na escuridão
Espero você voltar
Pra Saigon

Tantas palavras
Meias palavras
Nosso apartamento
Um pedaço de Saigon
Me disse adeus
No espelho com batom

Vai minha estrela
Iluminando
Toda esta cidade
Como um céu
De luz neon

Seu brilho silencia
Todo som
Às vezes
Você anda por aí
Brinca de se entregar
Sonha pra não dormir

E quase sempre
Eu penso em te deixar
E é só você chegar
Pra eu esquecer de mim

Anoiteceu!
Olho pro céu
E vejo como é bom
Ver as estrelas
Na escuridão
Espero você voltar
Pra Saigon

Lesões corporais

Nós dois, já não somos os mesmos
Não dá pra tampar
O sol com a peneira
E nos enganar
Se vê no olhar o que a boca não diz
Você não é feliz

Nem eu
E é por isso que a gente não se entende mais
E quando a gente transa
Amor já não faz
Essa é a razão da insatisfação
Tá faltando paixão

E aí nós ficamos brigando até mesmo na rua
Eu saio arranhado e você semi-nua
E da última vez ainda temos
Sinais de lesões corporais

Você fica de mal comigo e com raiva da vida
Se cai na rotina
Eu vou pra bebida
Será que a gente não se gosta mais

A gente quebra a monotonia, esbanjando baixaria
E o coração que se arrebente
A gente tá passando dos limites
Tantas mágoas, acredite
Não há amor que aguente

Tá tudo errado

Tá tudo errado entre nós o coração me diz
Que se eu ficar com você não posso ser feliz
Tantas palavras amargas que nós já trocamos
Ah meu amor me pergunto se nós nos amamos
Tarde demais pra voltar não dá pra consertar
A ilusão acabou não dá pra disfarçar
Não sei por que não te esqueço e você não me esquece
Quando a cabeça não pensa o corpo padece
Eu não te amo e você não me ama
Mas te desejo e você me deseja
Se eu não te chamo é você que me chama
Você me odeia me abraça e me beija
A gente já se deixou tantas vezes
Que nosso adeus já perdeu a moral
Que amor é esse que faz tanto bem e que faz tanto mal

Verdade chinesa

Era só isso que eu queria da vida
Uma cerveja, uma ilusão atrevida
Que me dissesse uma verdade chinesa
Com uma intenção de um beijo doce na boca

A tarde cai, noite levanta a magia
Quem sabe a gente vai se ver outro dia?
Quem sabe o sonho vai ficar na conversa?
Quem sabe até a vida pague essa promessa?

Muita coisa a gente faz
Seguindo o caminho
Que o mundo traçou
Seguindo a cartilha
Que alguém ensinou
Seguindo a receita
Da vida normal,
Mas o que é vida afinal?

Será que é fazer
O que o mestre mandou?
É comer o pão
Que o diabo amassou
Perdendo da vida
O que tem de melhor?

Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa pra amanhã
Tem muito tempo
O que vale é o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração

Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa pra amanhã
Tem muito tempo
O que vale é o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração

Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa pra amanhã
Tem muito tempo
O que vale é o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração

Trocando em miúdos

Eu vou lhe deixar a medida do bom fim, não me valeu
Mas fico com o disco do pixinguinha sim, o resto é
Seu
Trocando em miúdos pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer
Aquela aliança você pode empenhar ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
A enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Aliás, aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o neruda que você me tomou e nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade.
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde